domingo, 24 de junho de 2012

Vou ou não vou ? Droga de depressão!

Estava passando as férias de final de ano na casa da Clara.
A gente passou praticamente as férias todas na casa de praia dela.
Era muito legal.
Praia todo dia (e toda noite), aprendi a andar de bicicleta (com 12 anos), fiz novos amigos.. 
Diversão o dia inteiro.

Um dia desses, Tia Débora me pergunta se eu quero morar com ela.
Não sabia o que dizer.
Ela disse que eu podia pensar no assunto e depois falar com ela.

Acabei aceitando.

Alguns vão pensar:

"Como pode abandonar sua família? Não vai ficar com saudades? Você tem o que na cabeça?"

Calma aí, pô !

A Clara insistiu tanto, mas tanto, que eu acabei ficando. 
Mas não foi só por isso.
Queria saber como era conviver, ter uma família unida como a deles.
Uma família feliz.

No início era tudo perfeito, eu adorava aquele companheirismo todo.
Família unida no almoço.
Mas depois foi ficando diferente.. comecei a me sentir excluída.
Pensei:

"Aqui não é o meu lugar." 

"O que eu estou fazendo aqui ? "

Eu pedia permissão para tudo. Mesmo a Tia Débora sempre dizendo que eu não precisava pedir, que a casa era minha também.
Mas eu não conseguia.
Eu não me sentia um membro da família. Me sentia apenas a "convidada da Clara".
Convidada para ir brincar com ela. Na casa dela.
Mas eu não disse nada.

Esse é meu mal. Eu nunca digo nada.
Eu queria não ter papas na língua. Queria poder ter coragem, ou seja lá o que for, pra poder dizer tudo o que eu penso para eles. 

Começaram as aulas. Eu ainda estava lá.
Colégio novo. Eu estava morrendo de medo.
Já que eu não sou tão boa para fazer amigos. 
Estava me imaginando sozinha. Mesmo com a Clara dizendo que ia ficar comigo nos recreios, eu sabia que não ia, já que ela é super social e faz amigos muito rápido. Muito rápido mesmo. 
No meio do ano ela já conhecia o colégio inteiro, e eu só conhecia a minha turma. 

As provas começaram, e minha notas horríveis. 
Chorei por que o Tio Luis brigou comigo pelo 45 em inglês.
Eu juro que me esforçava.
Estudava o dia inteiro. Assim que chegava do colégio, almoçava, trocava a roupa e ia estudar. Até a noite.
Dia da prova, outro 45. Ou menos.

Não conseguia. Por mais que eu tentava, eu não conseguia me dar bem em prova nenhuma. 
Até que Tia Débora percebeu. Foi conversar comigo. 
Eu não conseguia dizer nada. Nunca. 
Apenas chorava. 
Ela sem entender nada, me abraçava, perguntava o que estava acontecendo.

"O que está acontecendo comigo ?"

Eu também me perguntava isso. 
Deduziram que eu estava em uma.. pré depressão.
Talvez por ficar muito tempo longe da minha família. Ou.. não sei.
Não sou de chorar. Mas eu nunca chorei tanto na minha vida como naquelas semanas. 

Será que eu estava daquele jeito por ver que  aquela família era tudo o que eu queria para mim, e não podia ter?
Até hoje não sei.

Decidi voltar para casa. Estava me sentindo bem melhor, ao lado da minha mãe, do meu cachorro. Da minha prima.
Minhas notas aumentaram. 
O estudo estava dando um bom resultado.

Mas como uma pessoa normal, não tirava notas altas sempre. 
Realmente, lá não era meu lugar.

                                  
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